Em setembro de 2025, um recorde de 79,2% das famílias brasileiras vivia com algum tipo de débito. Esses números expõem mais do que estatísticas: retratam histórias de sonhos postergados, de contas que se acumulam e de sofrimento financeiro prolongado.
Este artigo guia você por um panorama detalhado das causas, dos efeitos sociais e econômicos, das iniciativas que já deram certo e, principalmente, das ações práticas para dar o primeiro passo rumo a um recomeço sustentável.
Por que chegamos aqui?
Vários fatores macroeconômicos confluíram para elevar o endividamento das famílias brasileiras a patamares inéditos. A taxa Selic subiu de 10,50% para 15% entre 2024 e 2025, tornando o crédito mais caro e ampliando o valor dos juros sobre parcelas não quitadas.
Paralelamente, a inflação acima da meta corroeu o poder de compra e obrigou muitas famílias a recorrerem a empréstimos só para cobrir despesas básicas. A expansão do crédito, com crescimento de 10% ao ano, foi oferecida sem a devida preparação do consumidor, resultando em dívidas mais volumosas e menos gerenciáveis.
O impacto na vida das famílias
O quadro atual é alarmante:
Além do aperto no orçamento, a incerteza jurídica e o stress psicológico são consequências comuns, gerando ansiedade e sensação de impotência para muitos brasileiros.
Sem acesso a crédito, as famílias se veem presas em um ciclo vicioso de endividamento, incapazes de investir em educação, saúde ou desenvolvimento pessoal.
Iniciativas de alívio
O programa Desenrola Brasil, criado em 2023 e encerrado em maio de 2024, beneficiou cerca de 15 milhões de pessoas. Foram renegociados R$ 53,2 bilhões em dívidas — o equivalente a 0,5% do PIB — e observou-se uma redução de 8,7% na inadimplência das famílias de baixa renda.
Apesar da aprovação de 80%, não há previsão de renovação. Para além de medidas emergenciais, especialistas defendem a adoção de políticas estruturais, como a promoção de cursos de educação financeira e a regulamentação de taxas que reduzam o custo efetivo do crédito.
Caminhos para o recomeço
Dar o primeiro passo exige disciplina, informação e estratégia. Confira algumas práticas essenciais:
- Renegociação: procure bancos e financeiras para ajustar prazos e juros.
- Planejamento de caixa: registre todas as receitas e despesas mensais.
- Priorize dívidas: quite primeiro aquelas com taxas de juros elevadas, como cartão de crédito e cheque especial.
- Construa reserva de emergência: destine 5–10% da renda para um fundo que cubra 3–6 meses de despesas.
- Educação financeira: invista em cursos online, livros e aplicativos de gestão.
Um passo adicional pode fazer toda a diferença: diversificar as fontes de renda. Seja por meio de freelances, vendas informais ou pequenos negócios, aumentar os ganhos ajuda a acelerar o pagamento de dívidas e a criar segurança financeira.
O papel das empresas e do setor público
O endividamento não atinge apenas as famílias. Empresas somam R$ 182,4 bilhões em dívidas e 7,7 milhões de CNPJs negativados — o maior contingente já registrado. Essa situação afeta empregos, investimentos e acentua a crise nas comunidades.
Na esfera pública, a dívida federal alcançou R$ 8,14 trilhões em agosto de 2025, com custo médio de 11,63% ao ano. A combinação de juros altos e crescimento limitado da economia restringe a capacidade de investimentos sociais e de infraestrutura, essenciais para fomentar a recuperação econômica.
Visão para o futuro
As projeções da CNC indicam que, até o final de 2025, o endividamento familiar pode subir mais 3,3 pontos percentuais, enquanto a inadimplência avançaria em 1,7 ponto. Com o crédito ainda caro, a saída definitiva passa pela divulgação e adoção de práticas de educação financeira em larga escala.
Escolas, empresas e instituições financeiras devem se unir para oferecer conteúdo acessível e gratuito, ajudando as pessoas a gerir melhor suas finanças e a planejar o futuro.
Conclusão
Enfrentar o endividamento é um desafio coletivo, que requer responsabilidade individual e ação coordenada entre governo, setor privado e sociedade civil. Ao renegociar dívidas, planejar o orçamento e investir em conhecimento, cada indivíduo pode dar o primeiro passo rumo a um ciclo de mais segurança e liberdade financeira.
Chega de Dívidas: o plano para recomeçar está ao alcance de todos. Com disciplina e apoio, é possível transformar o atual cenário de aperto em uma trajetória de estabilidade, crescimento e esperança.
Referências
- https://portaldocomercio.org.br/acoes-institucionais/brasil-chega-ao-maior-percentual-de-familias-que-nao-tem-condicoes-de-pagar-suas-dividas-em-15-anos/
- https://blogcarlossantos.com.br/endividamento-das-familias-do-brasil-chega-a-792-e-assusta/
- https://www.gov.br/fazenda/pt-br/assuntos/noticias/2025/agosto/divida-publica-federal-chega-a-r-7-939-trilhoes-em-julho-aponta-relatorio-do-tesouro-nacional
- https://www.neofin.com.br/noticias/inadimplencia-atinge-305-em-setembro-o-maior-nivel-da-serie-historica-aponta-cnc
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-09/divida-publica-federal-alcanca-r-814-trilhoes-em-agosto
- https://www.serasaexperian.com.br/sala-de-imprensa/indicadores/inadimplencia-das-empresas-chega-a-rdollar-182-bi-e-77-milhoes-de-cnpjs-negativados/







